Luiz Domingos de Luna*
Via de regra, toda cidade tem no
conjunto do inconsciente coletivo, o cerne da alma viva registrado, deste o
primeiro sopro interativo coletivo no espaço tempo, ao presente momento.
Essa premissa, não contém
Aurora, pois sua história foi toda montada em um enredo poético literário,
conto, romance, ou numa linguagem mais própria – Versões poéticas de Aurora,
que podem ser advindos do nascer do sol, de uma venda, ou mesmo de uma senhora sem
venda, e até os mais audaciosos, ser a princesa Isabel a autora do nome da
cidade.
É mister afirmar que: um
estudante ao fazer um trabalho cientifico sobre a História de Aurora, saia com
mais dúvidas do que quando começou, pois são tantas versões, tantas
possibilidades que posso afirmar categoricamente que, estudar a história de
Aurora é estudar um pântano de interrogações e mistérios que tende ao infinito.
De uma forma geral os
aurorenses são historiadores, principalmente de sua própria história, pois senão
vejamos: em um dado amostral ao se fazer uma entrevista com qualquer um, ao
referenciar um dado histórico já devidamente arraigado na literatura revisada,
o entrevistado já vai logo refutando tal afirmação: “Meus avós falavam sobre
isto, mas de fato não foi bem assim”, pois naquela época tinha um: e acrescenta
mais um palmo na história ou diminui três, dependendo da fonte em pesquisa, assim,
o que já é de difícil compreensão passa a ser quase que impossível.
O escritor que, de boa fé,
acrescentar um fato novo na história de Aurora se não estiver de acordo com a
mediana do inconsciente coletivo mutante, incrivelmente mutante, rico em
diversificação, terá sua fonte desacreditada pelos aurorenses, pois o que seria
um dado histórico inovador, rico e necessário, passará a ser uma invencionice
do autor ou mesmo da fonte consultada.
Não sei a vigilância com esta
história de Aurora é de fato, necessária ou não, pois se aprova o mito que não
existiu e reprova o fato comprovado novo. Na verdade é um grande Paradoxo.
Assim, com quase 130 anos de história se convive harmonicamente com o mito na
espreita de negar, ou mesmo reprovar, o fato novo verídico.
Dessa maneira, somente resta aos
historiadores do presente, deixar sua versão mesmo comprovada, como uma versão
cientifica, pois a versão mitologicamente rica e diversificada continuará para
sempre no inconsciente do aurorense.
Considerando que algum
escritor com seriedade, compromisso com a educação comece a fazer uma pesquisa
sobre a história da Educação de Aurora para a elaboração de um livro didático,
com certeza a primeira pista: {as famosas Escolas Reunidas de Aurora} que deram
origem ao primeiro educandário da Rede Publica Estadual do Cariri Cearense -
Escola Monsenhor Vicente Bezerra com fundação no dia 15 de março de 1927.
Dada a vigilância dos aurorenses,
um segmento respeitável irá pesquisar intensivamente os dados para verificar a
autenticidade, e, mesmo verificando e comprovando a autenticidade, ainda ficará
aberta a possibilidade da versão, ou seja, de alguém dizer “meu avô dizia que a
educação começou mesmo numa casinha de.... Somente que ela foi esquecida, hoje
tem esta história bonita, mas tudo começou assim...” Assim nasce o mito, e o
mito nasce com tanta força e intensidade que se não tiver muito pulso, até o
autor passará a acreditar no mito.
(*) Professor da Escola de
Ensino Fundamental e Médio Monsenhor Vicente Bezerra – Aurora – Ceará.