domingo, 24 de maio de 2015

AURORA DAS LACUNAS NOMINADAS.

FOTO: CENTRO DE AURORA - FONTE: FACEBOOK - GRUPO SOU AURORENSE.
 A cidade de Aurora no Estado do Ceará sempre teve um senso de identidade social muito forte, na verdade a ideia da identidade social, cultural, histórica, literária, política, musical,religiosa, sempre permeou o imaginário dos aurorenses, o que de certa forma gera um grande paradoxo, pois os nomes dos agentes que construíram a nossa rica e diversificada história, sempre estiveram presentes na linha do inconsciente coletivo, porém sem o devido aproveitamento por parte da edilidade pública. Pois senão vejamos:

Ativistas culturais nascidos da expressão viva de nosso povo, que poderiam muito bem dar nome a ruas, avenidas, logradouros, bairros, instituições, prédios públicos, conjuntos habitacionais dormindo no  marasmo do esquecimento. Como: O Deputado Zé Gomes criador primeiro, de nossa Feira aos dias de Sábado, fonte de desenvolvimento de nosso comércio Local.  O conhecido Enoque Pintor e seu irmão Fuxico,  expressões que  deram Aurora por muitas décadas, o parque de lazer  ao cotidiano dos aurorenses, bem como a popularização de nossa cultura e nossa arte com belíssimos quadros e pinturas que identificaram uma época, pontuando de forma precisa o espaço tempo dos Aurorenses.

No Setor religioso:

Padre Francisco França – idealizador primeiro, do Açude Cachoeira hoje o único e principal reservatório de água que abastece a cidade de Aurora.

A Santa Popular de Aurora – Mártir Francisca, referência de nossa unidade religiosa popular – que sem sombras de dúvidas dá o espaço maior a liga de união dos aurorenses,  na constituição de nossa religiosidade popular.

Tenente Miguel Fernandes Leite, que foi o primeiro maestro a atuar na primeira Banda de Aurora já, com os acordes e produção musical toda baseada na linguagem musical oficial, onde em partituras oportunizava ao alunado a conhecer a vasto mundo musical das orquestras, sendo inclusive, o criador do primeiro hino de Aurora, que, infelizmente dorme no esquecimento pleno.

O Maestro Esmerindo Cabrinha da Silva que criou uma Escola de Música por muitos anos, que justiça seja feita, hoje os seus alunos permeiam nos mais diversos campos da Música com brilhantismo, nos mais distintos cantos do meu querido Brasil.

Claro que A Cidade de Aurora hoje, cresce a passos largos, pois lugares que até bem pouco tempo atrás era mata virgem, hoje são bairros bem elaborados, iluminados, com saneamento básico e toda uma estrutura que envaidece a terra do  Menino Deus.

Assim, creio que chegou a hora de se fazer uma memória histórica viva para nominar com esmero este pavilhão de crescimento afirmativo por que paira a cidade de Aurora no Estado do Ceará.


Luiz Domingos de Luna.

domingo, 10 de maio de 2015

40 ANOS DE COLÉGIO PAROQUIAL – 1976- 2016- AS ÁGUIAS NO VÔO DO TEMPO – NOSSA HISTÓRIA, NOSSA MEMÓRIA.

COLÉGIO PAROQUIAL SR MENINO DEUS - AURORA- CEARÁ.
Belém, Belém, Belém a sineta tocou, Dona Nazaré Freire deu o sinal, na porta da frente entravam as meninas, na porta lateral os meninos, em fila a reza, o canto do Hino Nacional, haja discurso e mais discursos, Padre França, Zezim Gonçalves, professor Agostim, e lá pelas tantas Dr. Bastim com a sua retórica brilhante foi logo falando da parábola da águia e da galinha era a manhã do dia 1º de março do ano de 1976, eu não entendi nada, nem sabia quem era a águia nem tampouco a galinha. Depois da vistoria das fardas, sapato, meia, cor, tamanho, largura das saias das meninas, e haja vistoria, enfim todos para a sala.

Eu corri na frente, corri mesmo e sentei no primeiro banco, ao meu lado sentou-se a minha colega Eleusis Gonçalves, naquela época não existia carteira individual, depois de muito corre-corre todo mundo sentou-se.

Um minuto de silencio, um clima de interrogação pairava no ar, uma regra havia sido quebrada, se bem que uma regra costumeira, pois nada havia escrito sobre a regra, todos os meus colegas ficaram impressionados com a quebra da regra, o meu colega Aderbal Alves gritou logo! - Luiz Domingos e Eleusis vão sentar no mesmo banco e ninguém diz Nada ? -

Eleusis perguntou qual é o problema se eu escolhi sentar a lado de Luiz Domingos ? Aderbal Alves “disse Nega velha não fica com raiva não é que eu não sabia que podia sentar com uma mulher ao lado”- eu pensava que era proibido, no que Eleusis retrucou "se era proibido agora já não é mais".

O Aderbal falava isto porque ele namorava com a minha colega Margarida que também era nossa colega e, na verdade, o Aderbal queria sentar ao lado de sua namorada Margarida.

O imbróglio, começou logo cedo, lá vem dona Nazaré Freire para separar o Luiz Domingos de Eleusis, dona Nazaré Freire disse que era norma “homem sentar com homem e mulher com mulher, sentar homem com mulher não era bom para a norma da escola”.
 Eleusis retrucou: "traga a norma que diz isto que eu saio". Dona Nazaré foi buscar a norma e ainda hoje deve estar procurando a norma que nunca existiu de fato e de direito.

E assim, ficou na frente Luiz Domingos de Luna e Eleusis, atrás imediato Aderbal Alves e seu irmão Aldenor Alves, no atrás imediato Francisco Djalma de Oliveira e Raimundo Sávio Tavares, no atrás imediato Paulo Roberto Quezado e Paulo Macedo e quem quiser que complete a turma, pois o espaço é pequeno para tanta gente.

Entrou Dr Bastim,saudou a turma e gritou  de forma amigável, “e o meu afilhado vai sentar ao lado da jovem Eleusis “– ai eu respondi, sim padrinho Bastim é que eu tive pensando em sua parábola e entendi que eu sou a águia não tenho vocação para ser galinha.

Dr Bastim riu muito e jogou fora a bituca do cigarro e haja um show de matemática pura, matemática pura e aplicada, tocou,mas a aula foi continuada o homem sabia uma matemática e tinha uma didática tão fluente que na verdade ele brincava com matemática e, assim se seguiu durante uma semana, todo mundo triste, e haja tristeza, eu já estava ficando amarelo de tanta tristeza, pois não conseguia acompanhar o raciocínio de Dr. Bastim, assim, no intervalo fui consular o gênio da Sala Francisco Djalma de Oliveira.  –

-Djalma você está entendendo  alguma coisa de matemática – Ele respondeu mais ou menos, consultei o fera Raimundo Sávio Tavares também no mais ou menos e tava todo mundo no mais ou menos. 

A Eleusis minha colega de carteira, eu indaguei logo e ai Eleusis tá entendendo matemática? Ela pensou ou pouco e me perguntou você quer saber a verdade – Sim eu quero saber a verdade pura – ele respondeu com toda sinceridade – Luiz, eu não estou entendendo é nada, - como nada ? Se você é uma das mais inteligentes da turma.  -E você perguntou Eleusis -Eu ? –sim, eu fico sempre voando nas aulas de matemática. Pois quando tem aulas de matemática todos ficam voando. Assim entendi que todos os meus colegas eram águias – pois, na verdade todo mundo sabia voar bem nas aulas de  Dr. Bastim.

Na terceira semana o Dr Bastim teve que viajar para Fortaleza, todo mundo bateu palmas, pois seria uma semana sem aulas de matemática – um show, uma apoteose na verdade um alívio da dor de não poder aprisionar o conhecimento dado por Dr Bastim.

No final de Semana todo mundo  na ABA para comemorar uma semana de alivio de matemática – até discurso teve, ora foi criado logo a comissão de formatura que teve a frente a professora Aurineide Fernandes Peixoto, afinal nós éramos ou não éramos humanistas ? Ser humanista era ser o tal, visto em Aurora ainda não existir Ensino Médio- Científico.

Começou na ABA logo, outra confusão, pois uns queriam  festa o costumeiro  e outro excursão. Nomearam o Dep. Antonio Leite Tavares com o Patrono e o paraninfo Dr Plácido Leite Gonçalves o nome da turma foi dado a Aurineide Fernandes Peixoto que aceitou prontamente, era tudo festa, era tudo fantasia, tudo um sonho, na verdade, tudo uma forma utópica para esconder a matemática que ninguém sabia.

A Realidade: Na segunda feira na primeira aula todo mundo esperando  D. Nazaré para notificar a aula vaga ? Era uma festa plena – quando de repente, não mais que de repente entrou  o jovem acadêmico de Engenharia Elétrica Hilton Domingos para substituir Dr Bastim, sem muitas delongas o  jovem acadêmico colocou umas equações de matemática no quadro negro, o verde veio bem depois, e haja colegas meus diante da realidade pura, pura realidade, ninguém sabia  responder os problemas expostos.

O Jovem acadêmico, vendo a dor da turma e o vexame também, disse em  alto e bom tom  vou fazer uma avaliação dos conhecimentos de vocês e  fez uma prova com 10 questões, a Mana Macedo fez a pergunta que todo mundo queria fazer – Professor esta primeira questão a gente resolve como ? -no que o Hilton Domingos  respondeu – muito simples pegue a forma e deduza. Ai a classe parou – pois na verdade ninguém sabia a fórmula muito menos a dedução da fórmula.

Francisco Djalma de Oliveira de uma integridade que beira o absurdo e de uma sinceridade que ninguém imaginava ao momento, disse em alto e bom tom -professor Hilton, aqui ninguém sabe matemática, nós estamos perdidos, na verdade nesta classe ninguém sabe matemática – O que nós devemos fazer – perguntou Djalma , ao que o Professor Hilton respondeu: façam, urgentemente, um grupo de estudos na casa de um colega de vocês e selecione os aptos por área de conhecimento, de forma intensiva durante pelo menos 4 horas por dia, incluindo os finais de semana.

O meu colega João Bosco de Luna ofereceu logo a sua casa, bem como foi nomeado chefe da turma, - A casa fica na Rua General Sampaio no centro de Aurora- Ceará.

Na hora do intervalo eu semeei logo a polêmica, de que adianta ter casa sem ter um quadro negro ? Casa sem quadro negro não vale nada. Ora, o Colega  Paulo Macedo,  vendo  que eu estava  desestimulando a turma gritou em alto e bom tom  eu e a Mana vamos dar uma camisa Tergal Verão para uma rifa e com o dinheiro a gente compra o quadro negro – eu  sempre semeando a polêmica indaguei -quem vai vender  os bilhetes da rifa – Nisso Eleusis tomou a palavra  e disse categoricamente nós  - Todos nós – Ouviu Luiz, nós todos- é se for todo mundo  pode dar certo. Paulo  Macedo  respondeu: já deu certo e, nisso, nós fomos para o Armarinho da Sra Vanda Macedo na travessa Monsenhor  Vicente Pinto e  todo mundo pegou a camisa e  de lá para a casa  Bosco Luna  para fazer a rifa e, a entrega dos bilhetes. Com uma semana tínhamos em Caixa uns  200 reais em valores atualizados e em contato com o Sr Luiz Grangeiro de Luna, ficou este, na responsabilidade de fazer o quadro negro e repassar para a turma de aprendizes.

Da escolha dos professores na verdade monitores!!!!

Francisco Djalma de Oliveira ficou com a disciplina de matemática a  temida.

Eleusis Gonçalves Leite  ficou com a disciplina de Desenho Geométrico

Mana Macedo ficou com a disciplina de história

Aderbal Alves Albuquerque ficou responsável pela pasta de esportes e recreação.

Raimundo Sávio Tavares com a cadeira de Ciências.

Luiz Domingos de Luna com a disciplina de português.

O ano todo de 1976 foi assim: estudo de manhã, estudo de tarde e estudo de noite.

Este artigo  foi escrito por ocasião  dos 40 anos  desta turma de águias que tem a frente o  meu colega Francisco Djalma de Oliveira que,  vendo a nossa luta na historia e na memória,  resolveu fazer a comemoração  dos 40 anos no ano de 2016, no mês de julho, com uma solenidade de integração de toda a Tuma de 1976 – humanistas 76 Colégio Paroquial – creio assim, ter dado minha  colaboração com estas pequenas lembranças guardada na memória com muito zelo,muito respeito  e, principalmente com a certeza de que estou  fazendo história, na somente a minha,  mas  de uma turma que quebrou o aço  do possível ou do impossível para hoje também, realizar o sonho do jovem  Francisco Djalma de Oliveira –  o encontrão dos 40 anos de turma – humanistas 1976- Colégio Paroquial – Aurora – Ceará.

Luiz Domingos de Luna – Redator.